ESTUDO DE CASO
DOI: 10.21901/2448-3060/self-2020.vol05.0008

 

Transição de menina em mulher: contos de fadas e mitologia

 

Transition from girl to woman: fairy tales and mythology

 

Transición de niña a mujer: cuentos de hadas y mitología

 

 

Marina Oliveira de CARVALHO; Janaína Liz AQUINO; Juliano Maluf AMUI

Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR, Curitiba, PR, Brasil

 

 


RESUMO

Os mitos e os contos de fadas possuem símbolos que expressam imagens arquetípicas e, por contarem com essa base, são eternos e atemporais. Este trabalho teve como objetivo explorar as fronteiras simbólicas que permeiam a transformação da menina em mulher, expressas no mito de Core/Perséfone e nos contos do "O Barba Azul" e "A Bela e a Fera". Os conteúdos estudados foram amplificados e relacionados com o processo de individuação feminina. São histórias que demonstram o modelo arquetípico da morte simbólica da menina e o nascimento da mulher, por meio do diálogo com aspectos inconscientes, da descoberta da natureza selvagem e pela maneira como ela se relaciona com esta dimensão da vida. Assim, estudos que contemplam a apreensão desses símbolos são fundamentais para o esclarecimento da dinâmica envolvida em tal transformação. Visto que essa temática destaca-se no contexto do trabalho clínico, a interlocução entre a pesquisa e a prática contribui para o processo de análise e individuação.

Descritores: Mulheres, imagem, contos de fadas, mitos, psicologia junguiana.


ABSTRACT

Myths and tales contain symbols that express archetypal images and by having this archetypal basis, they are considered eternal and timeless. This article aimed to explore the symbolic borders that permeate the transformation from girl to woman, that are expressed in the myth Kore/ Persephone, in the tales "Bluebeard" and "The Beauty and the Beast". The studied contents were amplified and related to the process of female individuation. These stories demonstrate the archetypal pattern of the girl's symbolic death and woman's growth throw a dialogue with unconscious aspects, as the discovery of wild nature and how to relate to this dimension of life. Therefore, studies that contemplate these symbol's apprehension are fundamental to clarify the dynamic that involves the referred transformation. Since this theme stands out in the clinic context, the interlocution between research and praxis contributes to the analysis process and individuation.

Descriptors: Women, imagery, fairy tales, myths, Junguian psychology.


RESUMEN

Los mitos y los cuentos contienen símbolos que expresan las imágenes arquetípicas y, por tener esta base, son considerados eternos y atemporales. Este trabajo tuvo el objetivo de explorar las fronteras simbólicas que permean la transformación de la niña a la mujer expresadas en el mito Core / Perséfone, en los cuentos "O Barba Azul" y "La Bella y la Bestia". Los contenidos estudiados fueron amplificados y relacionados con el proceso de individuación femenina. Estas historias demuestran el modelo arquetípico de la muerte simbólica de la niña y el nacimiento de la mujer por el diálogo con los aspectos inconscientes, como el descubrimiento de su naturaleza salvaje y cómo relacionarse con esta dimensión de la vida. Así, estudios que contemplan la aprehensión de estos símbolos son fundamentales para el esclarecimiento de la dinámica involucrada en tal transformación. Dado que esta temática se destaca en el contexto del trabajo clínico, la interlocución entre la investigación y la práctica contribuye al proceso de análisis y individuación.

Descriptores: Mujeres, imagenes, cuentos de hadas, mitos, psicología junguiana.


 

 

Introdução

De certa perspectiva, os mitos e os contos de fadas são compreendidos como criações elaboradas em diferentes épocas e culturas, que visam a explicar a origem do mundo e os comportamentos dos seres humanos. Essas histórias serviam como respostas a diferentes perguntas dos povos primitivos, que, muitas vezes, nunca tiveram contato entre si ou qualquer forma de aproximação física que permitisse uma suposta comunicação.

Emma Jung (1967/2006) afirma que os contos e os mitos não apenas apresentam semelhanças entre si, como também com as figuras dos sonhos e fantasias do homem moderno. De tal modo, as representações devem ter por base fatores mais ou menos constantes, pois expressam-se sempre e por toda parte de maneira similar. Nas palavras da própria autora:

as imagens e figuras que geram a capacidade da psique de criar espontaneamente mitos atuantes deve ser entendida [sic] não apenas como cópias e transposições de aparições externas, mas também como expressão [sic] de realidades psíquicas internas, de forma que elas possam ser vistas como uma espécie de autorrepresentação da psique (E. Jung, 1967/2006, p. 57).

Para Brandão (1986/2012), a autorrepresentação da psique refere-se ao inconsciente coletivo que se expressa por imagens dramáticas e teatrais, como evidenciado nas mitologias, nos sonhos e nos contos. Assim, os mitos e os contos de fadas são expressões genuínas de camadas profundas do psiquismo humano.

Dessa forma, o trabalho com esse material permite certo contato com essa herança simbólica do inconsciente, aspecto que auxilia no processo analítico de autoconhecimento e de ampliação da consciência e da visão de mundo (Brandão, 1986/2012).

No que tange ao desenvolvimento humano, podemos perceber tanto em homens quanto em mulheres uma série de rituais que evidenciam passagens expressivas e transformativas. Uma dessas transições é a da menina para a mulher. Essa transformação e passagem acometem instâncias de ordem egóica e impulsos prementes inconscientes que delineiam e ensejam autoconhecimento.

Tendo em vista a importância dos mitos e contos para o desenvolvimento psíquico, este trabalho objetivou explorar o processo da passagem de menina a mulher, por meio de uma analogia com o conteúdo simbólico expresso na trama do mito Core/Perséfone e dos contos "O Barba Azul" e "A Bela e a Fera". Esses conteúdos simbólicos serão ampliados e exemplificados com quatro casos clínicos: Amélia, Capitu, Jaqueline e Adiele.

 

Desenvolvimento

Mito de Core/Perséfone

Essa trama faz parte da mitologia grega e está relacionada à história de Deméter, deusa da vegetação, com a qual os gregos explicavam o ciclo das estações do ano. Deméter era considerada uma deusa ctônica (do grego "khthonios"), mãe do grão, que ensinou o homem a cultivar os campos. Teve com Zeus uma filha chamada Core.

Brandão (1986/2012) discorre sobre a história da menina Core, que crescia tranquila e feliz com as ninfas e outras duas deusas, Ártemis e Atená. Até que um dia, enquanto seu corpo adquiria traços adultos, Hades (seu tio, irmão de Zeus e deus do submundo) começou a se interessar pela sobrinha, pedindo ajuda ao irmão para raptá-la. Como Core sempre colhia flores, os deuses colocaram uma flor de narciso às bordas de um abismo. Como de costume, a garota abaixou-se para pegar a flor e, neste instante, Hades apareceu no abismo, raptou Core e a conduziu ao mundo dos mortos.

A versão curta do mito discorre que Deméter ficou desesperada com o desaparecimento da filha e, durante muito tempo, percorreu diversos lugares a sua procura. Hélio, o deus do Sol, o que tudo vê, disse ter visto Core sendo raptada por Hades. Revoltada, a deusa resolveu abdicar de suas funções até que sua filha retornasse. Consumida pela saudade, Deméter provocou uma seca terrível, forçando Zeus a tomar uma atitude diante do perigo que isso estava causando ao mundo (Brandão, 1986/2012).

Considerando as condições da deusa, Zeus pediu que Hades devolvesse a menina. O rei do submundo curvou-se diante da vontade do irmão, mas, habilmente, obrigou Core a comer uma semente de romã e isso a impediu de retornar completamente para os braços de sua mãe, pois, quem come e senta ou olha para trás no reino dos mortos, de lá não pode mais sair (Brandão, 1986/2012).

Core transformou-se em Perséfone (rainha do submundo) e chegou-se ao seguinte acordo: Perséfone passaria quatro meses com o esposo Hades e oito meses com a mãe. Assim, Deméter retornou às suas atividades e logo os campos ficaram verdes - correspondendo às estações do ano: primavera, verão e outono; já nos meses que Perséfone ficava com Hades, a saudade a consumia e os campos voltavam a ficar secos - correspondendo ao inverno, com duração de quatro meses (Brandão, 1986/2012).

O mito demonstra então a passagem da menina Core, que vivia em uma espécie de paraíso com ninfas e deusas, onde tudo era feliz e perfeito, para a mulher Perséfone, que come a romã e conhece o sofrimento, a imperfeição e a morte, incluindo a sua própria, para poder tornar-se mulher de Hades e a rainha do mundo dos mortos.

Conto "O Barba Azul"

Acerca do conto "O Barba Azul", de origem francesa mesclada com eslava, Estés (1994) discorre a respeito do "predador da psique" que, contraditoriamente, isola a mulher de sua natureza intuitiva, ao mesmo tempo em que possibilita que ela o enfrente por meio do resgate da intuição.

Barba Azul é um homem encantado por mulheres, que o desprezam. Nas proximidades de seu castelo, havia três irmãs que ele cortejava, mas nenhuma demonstrava interesse por ele. Para convencê-las de sua cordialidade, um dia ele convidou as irmãs e a mãe delas para passear na floresta. Tiveram um dia maravilhoso, com cavalgadas, árvores gigantescas, histórias e guloseimas. Mesmo com o dia encantador, as duas irmãs mais velhas continuaram a ter suspeitas e temor de Barba Azul, porém, a mais nova pensou que talvez ele não fosse tão mal, não o vendo como tão assustador. O homem, então, a pediu em casamento e ela aceitou. Após o matrimônio foram morar no castelo de Barba Azul (Estés, 1994).

Certo dia, o marido viajou e deixou todas as chaves do castelo com a esposa. Disse que a menina poderia entrar em todos os aposentos, exceto naquele que era aberto com a chave de arabescos. Ela concordou e assim seu marido seguiu viagem (Estés, 1994).

Naquele dia, as irmãs mais velhas foram visitar a mais nova e tiveram muita curiosidade em relação às instruções de Barba Azul. Elas resolveram fazer um jogo para ver quais chaves serviam em quais portas. O castelo tinha três andares com muitas portas e elas foram abrindo cada uma, até que chegaram no porão. Ficaram intrigadas com a última chave que sobrou, a de arabescos (Estés, 1994).

No porão, avistaram uma porta que se escondia atrás de uma parede, impulsivamente tentaram abri-la com a chave de arabescos. Do outro lado da porta, encontraram um quarto escuro e a irmã mais nova trouxe uma vela para iluminá-lo. Quando viram a enorme poça de sangue e os muitos ossos jogados por toda parte, elas gritaram e fecharam a porta rapidamente, mas a chave não parava de derramar lágrimas de sangue. A esposa de Barba Azul fez de tudo para estancar o sangue, mas ele se espalhava por toda sua roupa. Tentou limpar, mas nada adiantou. Resolveu então guardar a roupa, junto com a chave que derramava sangue, em seu armário (Estés, 1994).

Quando o marido chegou, ela devolveu as chaves e ele notou a falta de uma. Quando questionada sobre a chave de arabescos, ela disse que tinha perdido. Barba Azul começou a procurar pela chave, até que abriu o guarda-roupa e viu o sangue que a chave havia derramado nas roupas. Furioso com a desobediência da menina, ele a levou até o porão e disse que iria matá-la, como fez com as outras esposas (Estés, 1994).

Implorando por clemência, a irmã mais nova pediu que ele lhe concedesse 15 minutos para que ela pudesse se acalmar e se preparar para a morte. O pedido foi atendido e ela então correu até seus aposentos para encontrar as irmãs. Contou o ocorrido, pedindo para as irmãs irem até os muros do castelo e chamarem por seus irmãos - elas seguiram suas instruções (Estés, 1994).

Estés (1994) aponta que, nesse ápice da trama, a irmã mais nova gritava perguntando se os irmãos já tinham chegado. No primeiro grito, as irmãs mais velhas não viram nada; no segundo, elas viram um redemoinho de areia bem longe; e, no terceiro e último, elas afirmaram que eles estavam chegando. Nesse meio tempo, Barba Azul estava raivoso com a demora da esposa e subiu para apanhá-la. Assim que ele entrou nos aposentos, os irmãos chegaram e o retalharam até a morte, deixando para os abutres o que sobrou dele.

Conto "A Bela e a Fera"

De acordo com Cortes (s.d.), o conto francês "A Bela e a Fera" retrata a história da filha mais nova de um rico mercador, que tinha seis filhos (três homens e três mulheres). Enquanto as filhas mais velhas gostavam de ostentar luxo com festas e lindos vestidos, a mais nova, Bela, era humilde, gentil, generosa e gostava de livros. Após perder sua fortuna, o pai recebeu notícias de bons negócios na cidade e decidiu partir. As duas filhas mais velhas tinham a esperança de enriquecer novamente e encomendaram-lhe vestidos e futilidades, enquanto Bela pediu apenas que ele lhe trouxesse uma rosa.

No momento em que o mercador voltava para casa durante a noite, foi pego por uma tempestade e abrigou-se em um castelo que avistou no caminho. Ao partir, pela manhã, encontrou um jardim de rosas ao redor do castelo e, lembrando do pedido de Bela, colheu uma delas. Neste momento, o pai foi surpreendido pelo dono da roseira, uma Fera pavorosa, que lhe impôs uma condição para viver: deveria trazer uma de suas filhas para ficar em seu lugar (Cortes, s.d.).

Ao chegar em casa e contar a situação, Bela se oferece para a Fera, imaginando que seria devorada, porém, Fera a fez sua prisioneira. Com o tempo, a prisão no castelo tornou-se agradável, pois a Fera mostrava-se um ser sensível e amável, fazendo todas as vontades de Bela, tratando-lhe como princesa. Dessa forma, apesar de achá-lo monstruoso, aos poucos Bela foi se interessando pela Fera (Cortes, s.d.).

Certo dia, Bela pediu a Fera para visitar sua família. Fera concedeu-lhe o pedido com uma condição: que voltasse ao castelo em uma semana. O monstro deu-lhe um anel mágico e combinou com Bela que quando ela quisesse voltar para o castelo era só colocar o anel em cima da mesa e, magicamente, ela retornaria (Cortes, s.d.).

Bela visitou sua família, mas as irmãs incomodaram-se com sua felicidade, bem como com seu lindo vestido, sentiram inveja. Então, envolveram Bela para prolongar sua visita, na esperança de desagradar a Fera com a demora. Assim, quando Bela retornasse ao castelo, a Fera a devoraria (Cortes, s.d.).

Cortes (s.d.) discorre que Bela foi protelando sua volta até ter um sonho em que via Fera morrendo. Arrependida, colocou o anel sobre a mesa e voltou imediatamente ao castelo. Encontrou Fera morrendo no jardim, pois não se alimentava mais temendo que Bela não retornasse. Nesse momento, Bela compreendeu que o amava, que não podia mais viver sem ele, de tal forma, que Fera a pediu em casamento. Bela aceitou o pedido e, na mesma hora, o monstro transformou-se em um príncipe. O amor de Bela colocou fim ao encanto que o condenara a viver sob a forma de uma fera, até que uma donzela aceitasse se casar com ele.

 

Amplificações simbólicas

Essas tramas demonstram como a relação com a natureza selvagem - representada nas histórias narradas pela descida ao submundo, em Core/Perséfone, ou ao porão do Barba Azul e, ainda, pelo aprisionamento da Bela no castelo da Fera - é essencial para o nascimento da mulher. Vale destacar que, por natureza selvagem (s.d.), entende-se os aspectos indomáveis e autônomos que não estão submetidos ao nosso controle. Inicialmente, esse encontro com o lado obscuro natural acontece por meio do encantamento inocente da menina que cai em uma emboscada.

No conto "O Barba Azul", a irmã mais nova, de forma pueril, acreditou na bondade desse "predador da psique", encantou-se com o passeio, as guloseimas, o castelo e casou-se com ele. Assim como Core, que colheu a flor de narciso e caiu na emboscada de Hades. Já no conto "A Bela e a Fera", o encantamento mostrou-se quando Bela pediu uma rosa para seu pai, que colheu a flor de modo ingênuo no jardim de Fera, acontecimento que mais tarde geraria o aprisionamento da menina no castelo.

Essa experiência psíquica do nascimento da mulher aparece em sonhos, fantasias e nos discursos na clínica, principalmente no contexto das relações amorosas. Mesmo havendo pessoas concretas envolvidas, este nascimento passa por rituais simbólicos e envolve aspectos sombrios da psique - sombrios por serem desconhecidos -, que ensejam de maneira abrupta a captura e o confinamento da menina. Por esse motivo, destaca-se nessa transição a projeção de símbolos que retratam traços de agressividade, rejeição ou aprisionamento nas figuras que se envolvem com a menina-mulher.

Por exemplo, em uma situação de apaixonamento, uma paciente de 23 anos, de nome fictício Amélia, relatou estar envolvida com um rapaz que, desde o início, deixou claro que não queria estabelecer um vínculo mais sério. Relacionando-se de forma ingênua com seus sentimentos, a menina não se atentou ao fato de que sua expectativa de um namoro mais longo não seria atendida.

Acreditava que com o tempo ambos se envolveriam afetivamente e que, naturalmente, uma relação mais séria aconteceria. Assim, ela deixou-se levar e viveu sua paixão, até o ponto em que a situação tornou-se insustentável e ela foi obrigada a enxergar a realidade: seus sentimentos e desejos não seriam correspondidos. Deparou-se então com um ferimento emocional, a morte do seu próprio investimento psíquico nesta relação.

Outro exemplo é o caso de uma paciente de 39 anos, ficticiamente chamada Capitu. Ela passava pela mesma situação: estava apaixonada por um rapaz que demonstrava não querer um relacionamento sério. Nesse período sonhou que estava escalando uma montanha de neve. Quando chegou no cume, teria que pular para o topo da montanha ao lado, porém, viu que o pico da outra montanha não estava mais lá e caiu no abismo. Capitu contou que no sonho teve uma sensação de ter sido muito surpreendida, pois não estava esperando por isso, afinal ela tinha visto o pico da outra montanha. Na noite seguinte, o rapaz disse que não queria mais sair com ela.

Nos dois casos relatados, a ingênua sensação de que, em algum momento, os casais teriam um relacionamento sério (não) estava lá: era o pico da outra montanha. O desejo de Amélia e Capitu de pular para esse outro lugar (de um compromisso amoroso) era tão grande que dificultou suas visões. Era difícil olhar para algo que nunca existiu. Quando elas foram "pular", Amélia e Capitu caíram no abismo, afinal, o lugar da relação duradoura nunca esteve lá de fato, a não ser em seus sonhos. Pode-se dizer que essa é uma imagem do encantamento inocente de Amélia e Capitu que, assim como Core, foram levadas para essa emboscada, seguida de uma descida ao submundo.

O homem soturno que as raptava seria, pois, uma representação interna de um chamado desse lado fatídico da psique para inseri-las no lugar da mulher, não mais da filha ou menina. No entanto, os respectivos pretendentes não estavam exatamente na altura almejada.

Em um terceiro exemplo, temos Adiele (nome fictício), de 26 anos. Adiele sempre foi cuidada e protegida por seus pais e irmãos. Ela obtinha, por meio de jogos e chantagens, uma série de coisas que, à primeira vista, eram benefícios, mas que, posteriormente, tornaram-se obstáculos profundos para sua transformação.

Adiele iniciou então um namoro despretensioso com um homem 10 anos mais velho do que ela. Enquanto ela era cuidada, evitando entrar em contato com os aspectos mais maduros da vida, seu namorado já morava sozinho e possuía um cotidiano que incluía, além de uma profissão estável, rotinas domésticas como a arrumação da cama, o preparo das refeições, a limpeza da casa e o cuidado com as próprias roupas.

Enquanto ambos estavam no apaixonamento, Adiele sentia-se como uma princesa, cuidada e agraciada por uma realidade proporcionada por seu namorado e por sua família. Nada havia efetivamente mudado. No entanto, após alguns meses, seu namorado começou a demonstrar certa irritação diante da atitude passiva de simples recebedora de Adiele.

Ela sente-se então aprisionada no relacionamento, tendo que executar tarefas como uma adolescente exigida pelos pais. A paciente não percebia suas escolhas nem o desafio que estava à sua frente. Adiele fora raptada.

Essas pacientes, assim como as personagens das histórias, quando veem a morte do mundo pueril da princesa, o sangue e a ferida - tanto no submundo, quanto no porão ou no castelo -, adentram um caminho sem volta, pois, ao enxergarem e conhecerem a verdade, saem da ignorância do mundo perfeito do paraíso da infância. Cortes (s.d.) menciona que esse momento indica a diferenciação, início do processo de transição da menina para a mulher.

Stein (2007) ainda complementa que os períodos de transformação psíquica ocorrem em momentos diversos, que ele denominou de separação (diferenciação); experiência limiar; e, por fim, reintegração.

Na diferenciação, ao viverem situações que demonstram que o mundo não é como a experiência proporcionada por suas famílias de origem,

as meninas podem sair de seu estado de ego indiferenciado e em simbiose com os pais. Devem então aprender a se proteger, amadurecer emocionalmente, enfrentar os problemas e o mundo como ele realmente se apresenta - isso tudo, muitas vezes, distancia-se da satisfação dos seus desejos e necessidades egóicas.

Nas histórias apontadas, essa questão é simbolizada pelas flores (flor de narciso e a rosa) e pela semente de romã; por terem um formato circular, podem representar a totalidade da psique e da vida, o que inclui também os mistérios do feminino (Cortes, s.d.). Há, portanto, um desejo secreto e inconsciente de rapto, para a possibilidade de relação com esse "outro" lado da vida.

Esse aspecto é visível principalmente no momento que Core come a semente de romã, tornando-se Perséfone, uma vez que esta semente, especificamente, representa também a doçura maléfica, o desejo e a sexualidade, caracterizando sua saída do estado indiferenciado (Estés, 1994).

Neumann (1956/2017), ao falar sobre a transição em questão, aponta que o casamento e as núpcias da morte, ou seja, esse encontro com o masculino hostil "é um arquétipo central dos mistérios femininos" (Neumann, 1956/2017, p. 78]. Complementa ainda que se trata de um processo duro e difícil, permeado por diversas mortes e renascimentos da virgem-flor para a mãe-frutos.

Por esse motivo, é dolorido encontrar Hades, assim como ver o porão do Barba Azul, com ossos e sangue, ou ainda, abandonar a família para ser prisioneira de uma Fera. Dói aceitar que seu amor não é correspondido, ou então, assumir responsabilidades domésticas. Esses dolorosos caminhos podem ser percebidos em imagens de outro sonho trazido por Capitu: estava atravessando um pântano escuro e cheio de sapos, uns normais e outros meio compridos e estranhos. Era um lugar sinistro. Ela chegou a colocar o pé esquerdo na água, mas decidiu ir pelas pedras, olhava para baixo meio com nojo, até que atravessou e chegou a um gramado verde. Era um lugar difícil de andar, pois era um caminho desconhecido e Capitu não sabia bem onde pisar.

Nesse período, Capitu estava se reorganizando após o rompimento com o rapaz. Ela estava psiquicamente andando pelo pântano de um lugar que não conhecia e percebendo que aquele homem havia despertado sua dor do abandono, da rejeição, de não ser querida e desejada, tendo uma certa percepção de que isso tinha a ver com ela e não com ele. Ela disse que era como se ele fosse um pote que ela queria muito, mas que na verdade nem sabia o que tinha dentro.

Percebe-se nos contos e no mito que as personagens tentam voltar atrás, por exemplo, quando a irmã mais nova tenta estancar o sangue da chave e limpar as roupas, ou quando Core grita pelo socorro da mãe, ou ainda, quando Bela pede para visitar sua família. Assim como Amélia que, por muito tempo, tentou negar a situação do seu amor não correspondido. Durante um longo período, antes de confrontar o amado, evitava tocar nesse assunto com ele e em terapia queria especular e decifrar os supostos "sinais" de apaixonamento dele, ao invés de lhe perguntar diretamente sobre os seus sentimentos. Mas, como mencionado, esse processo constitui-se um caminho sem volta.

De acordo com Jung (1948/2013), a ampliação da consciência que a transição da infância para a vida adulta exige, obriga-nos a uma renúncia de potencialidades psíquicas, o que remete tanto à perda de uma parte do passado, como das fantasias que envolviam o futuro. Isso é, implica a modificação da própria natureza original, de modo que ela se adapte mais ou menos às condições de existência, além de conquistar um lugar na sociedade. Por conseguinte, percebe-se uma característica comum entre os jovens: um apego à consciência infantil e uma resistência às forças existentes, interna e externamente, que procuram dirigir o sujeito à ampliação dos horizontes da vida.

Nesse sentido, a paciente Adiele fica como que estagnada, amedrontada, com os novos desafios da vida, buscando incessantemente refúgio nas fantasias do passado e na projeção contínua do vilão sequestrador em seu pretendente - que de príncipe tornou-se Fera.

Retomando Stein (2007), o período de limiar psicológico corresponde a um estado em que "o terreno emocional interno fica movediço" (Stein, 2007, p. 22). Essa travessia pode se estender durante vários anos, nos quais estruturas psicológicas básicas dissolvem-se para que a forma de auto-organização anterior se modifique. O reinado da posição de menina é então submetido aos domínios da mortificatio, para que seja possível o nascimento da mulher. Nesse período, o ego encontra-se em um campo desconhecido de fronteiras indefinidas e incertas, tornando-se incapaz de se identificar inteiramente com imagens internas que anteriormente o sustentavam e lhe davam sentido.

Hall (1990) afirma que é nesse momento que aparece a tendência de apego à consciência infantil mencionada por Jung (1948/2013), pois, diante dessa instabilidade, o ego busca retornar à zona de conforto estável, a padrões psíquicos conhecidos. Todavia, a antiga identidade foi desagregada e não pode ser reinstalada e, ao mesmo tempo, o padrão de identidade novo ainda não foi estabelecido de forma segura o suficiente para se apresentar estável.

Analogamente, percebe-se que muitas mulheres tentam se esconder na ignorância, para não ver as devastações e reorganizações da vida. Desejam permanecer meninas no mundo perfeito do paraíso, mas a chave continuará sangrando e elas irão perder energia, até que reconheçam a real natureza da "dimensão obscura", aprendendo a transitar nesse terreno. É evidente que nem todo par amoroso agirá como Hades ou Barba Azul para determinadas mulheres, identificadas com Core e a irmã mais nova, de modo que a aceitação da morte da ingenuidade e a renuncia ao paraíso infantil podem ser vivenciadas em diversas experiências, sendo muitas vezes o destino de alguns processos analíticos com meninas-mulheres.

Como exemplifica outro caso clínico de uma paciente de 22 anos, Jaqueline (nome fictício), que tinha acabado de se formar na faculdade e morava com sua avó materna e a mãe. Constantemente queixava-se de como era cobrada para viver dentro dos padrões da avó, que regulava suas saídas de casa, as coisas que ela comia, seus gastos financeiros e o tempo que utilizava o banheiro. Ainda, a avó tinha hábitos com os quais a moça não concordava, de modo que se irritava facilmente com ela. Nesse período, a paciente era atravessada por picos de ansiedade, nos quais tinha crises de choro e insônia. Aos poucos, Jaqueline foi trazendo reflexões a respeito da possibilidade de adquirir sua independência com a entrada no mercado de trabalho e, posteriormente, conseguir se sustentar e sair da casa da avó.

Depois de alguns meses, em uma sessão, ela relatou um sonho. Estava no seu quarto, deitada na cama, vendo desenhos na TV - como costumava fazer durante as tardes, já que sem as aulas da faculdade tinha muito tempo livre disponível -, e respirava com o auxílio de um cilindro de oxigênio, pois tinha dificuldades para respirar e o ar da sua casa estava intoxicado. A partir deste sonho, foi plausível para ela a consciência de que o conforto da posição de menina intoxicava seu desenvolvimento e que permanecer desempregada e no confinamento da casa da avó era uma escolha dela.

No que tange à reintegração (Stein, 2007), nas histórias podemos observar que, posteriormente, a irmã mais nova chama pelos irmãos, Core torna-se Perséfone (a rainha do submundo) e Bela consegue ver o outro lado de Fera, apaixonando-se por ele.

Como discorre Estés (1994), os irmãos representam a força interior da mulher, que sabe agir na hora de lutar com o predador, bem como tornar-se a rainha do mundo dos mortos ou mudar a percepção consciente sobre uma Fera, como fez Bela.

A familiarização com essa polaridade ignorada da vida é possível principalmente por meio da relação com a função psíquica intuitiva que ajuda a suportar e dialogar com esses aspectos desconhecidos. Essa função, segundo Estés (1994), expressa-se com o uso de insights que auxiliam na tomada de decisões mais ou menos fiéis à totalidade da existência. Na clínica, observamos o quanto o trabalho com os conteúdos oníricos colabora com esse processo, ao apresentarem para o ego a maneira simbólica e plural do funcionamento inconsciente - próximo à função intuitiva.

Consequentemente, assimilar os lados ensanguentados e escuros proporciona o despertar de uma consciência que conduz a mulher para a sabedoria interior feminina. Capitu, algumas sessões após sonhar com a queda da montanha e a travessia do pântano sinistro, teve o seguinte sonho: ela e o rapaz estavam juntos e com um vínculo sério, procurando sair de uma cidade pequena, tomando decisões juntos sobre para onde ir. O sonho mostra uma imagem da paciente relacionando-se em parceria com esse lugar mais escuro de sua psique, com esse desconhecido. Juntos, eles tomam decisões sobre qual caminho escolher para chegar aonde ela quer.

Bolen (2016) sugere que conectar-se com as próprias profundezas e com a força interior é não temer o desconhecido, ficar à vontade no mundo das trevas, sabiamente reconhecer quando se está em uma encruzilhada e tornar-se a própria guia para entrar e sair do inferno - que simboliza a esfera fatídica, muitas vezes cruel ou difícil, da realidade da vida. Essas imagens arquetípicas auxiliam nos processos de simbolização e compreensão dos conteúdos encontrados no submundo psíquico.

 

Conclusão

Essas personagens representam potenciais criativos da psique feminina prontos para serem constelados. Aparecem em sonhos e nas relações com os outros, para que a mulher lide com essas imagens, como nos casos clínicos ilustrados de Amélia, Capitu, Adiele e Jaqueline.

A partir das observações de Cortes (s.d.), podemos afirmar que os personagens Hades, Barba Azul e Fera representam uma atitude imatura, regredida e, até mesmo, negligenciada, pois vivem sozinhos em seu castelo ou no mundo subterrâneo, podendo então representar a inconsciência da menina, que ainda encontra-se em simbiose com o pai e sua família de origem, diante da realidade de vida, assim como Core, a irmã mais nova e Bela.

De acordo com Sicuteri (1990), os contos tendem a manifestar dialeticamente a cisão psíquica entre os aspectos de sombra e luz na psique; isto é, a postura egóica de eleger o claro, o bem, o perfeito, o bonito como um ideal paradisíaco de vida, enquanto o escuro, o mal, o feio, o disforme e o imperfeito são rejeitados e não reconhecidos. O que pode ser percebido, por exemplo, na relação autocrítica da menina com o seu corpo, as suas emoções, a sua inteligência, seus potenciais, capacidades e ambições.

Mais um exemplo é a insegurança exagerada em relação a traços físicos como celulites e estrias, ou então, a frustração diante da incompatibilidade da imagem corporal com idealizações eleitas como "perfeitas" e "belas", de modo a não conseguir relacionar-se com a própria beleza corporal. Muitas vezes essas percepções podem se constituir da atuação autônoma dessa dinâmica psíquica que se estabelece a partir da desvalorização dos elementos imperfeitos.

Sair da idealização perfeita das fantasias da meninice é assumir a própria realidade, que se apresenta também de maneira imperfeita e desconfortável, exigindo, muitas vezes, esforço e seriedade diante das responsabilidades. Nos casos clínicos explanados, é evidente a dificuldade da aceitação e da relação com essa dimensão da vida, que foge aos desejos egóicos da princesa, como assumir as tarefas domésticas e profissionais, ou então, o lugar da rejeição em relacionamentos amorosos. Essa transformação implica sair do lugar de quem só recebe cuidados e ativar o papel da cuidadora de si mesma - passar da virgem-flor para a mãe-frutos (Neumann, 1956/2017). Essa necessidade irrompe na consciência de maneira abrupta perante as evidentes exigências da vida adulta.

Sicuteri (1990) complementa que Core é a primeira figura para os gregos que exprime o princípio feminino em sua totalidade, mas que ainda não foi experienciado em sentido fenomenológico. Assim, Perséfone representa a energia arquetípica do lado feminino não vivido pela consciência pueril que, então, torna-se sombrio; trata-se justamente do lado mulher que não cabe no paraíso limitado da infância e o questiona, pois necessita viver além do mundo ideal.

Contudo, essas histórias ilustram a redenção da mulher ao feminino e à relação com a própria função intuitiva. Nota-se que as transformações de menina a mulher passam por atos de transgressão, para que se desenvolva um diálogo com esses aspectos até então não conhecidos da psique. Essa relação lhe permite desenvolver uma autovalorização e viver de maneira espontânea, de acordo com suas necessidades e sentimentos, compreendendo-se por meio de uma consciência ampliada mais ou menos fiel ao reconhecimento da totalidade da vida e de si mesma. Pode-se citar nesse contexto o símbolo do casamento, presente nas histórias, que, como afirma Cortes (s.d.), representa a união de opostos, a meta da totalidade e a união entre as funções psíquicas masculina e feminina.

Conclui-se então que essas imagens, apesar de serem de épocas e culturas diferentes, representam e comunicam sobre pontos convergentes desse padrão arquetípico, evidenciando a importância do conhecimento, por parte dos analistas principalmente, sobre a simbologia presente nos mitos e nos contos, pois, as variações dessas imagens podem habitar os sonhos e fantasias femininas contemporâneas, aspecto que auxilia significativamente o processo de análise.

É importante ressaltar que este trabalho teve como objetivo explorar as fronteiras simbólicas que permeiam a transformação em questão, mostrando assim os obstáculos e os temas arquetípicos enfrentados nessa passagem da vida. São processos que perpassam perdas e mortes, como as tendências arquetípicas que raptam a menina da vivência paradisíaca da infância. Nos casos clínicos isso pode aparecer em situações de amores não correspondidos, de dificuldades em se diferenciar da família ou de assumir responsabilidades da vida adulta.

Entretanto, observa-se que tornar-se mulher não acaba no rapto e nos sinuosos e sombrios caminhos dessa passagem. A reintegração e a coniunctio dessas imagens - ou seja, manter-se em relação com esses aspectos psíquicos descobertos recentemente - são inerentes a esse processo. A construção da posição de mulher torna-se então merecedora de um olhar aprofundado, de forma que nos é possível perguntar: quais são os caminhos e imagens que a mulher vivencia depois de abandonar o paraíso infantil e de aprender a conviver com Hades, Barba Azul e a Fera?

 

Referências

Bolen, J. S. (2016). As deusas e a mulher: nova psicologia das mulheres. São Paulo: Paulus.

Brandão, J. S. (2012). Mitologia grega (V. II, 21a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1986).

Cortes, G. G. (s.d.). O conto "A Bela e a Fera": da simbologia alquímica ao processo de individuação. Recuperado em 31 de março de 2017, de https://docplayer.com.br/2334171-O-conto-a-bela-e-a-fera-da-simbologia-alquimica-ao-processo-de-individuacao.html.

Estés, C. P. (1994). Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. Rio de Janeiro: Rocco.

Hall, J. A. (1990). A experiência junguiana: análise e individuação.São Paulo: Editora Cultrix.

Jung, C. G. (2013). A natureza da psique (OC, V. 8/2, 10a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1948).

Jung, E. (2006). Animus e anima. São Paulo: Editora Cultrix. (Trabalho original publicado em 1967).

Neumann, E. (2017). Eros e Psiquê: amor, alma e individuação no desenvolvimento do feminino (10a ed.). São Paulo: Cultrix. (Trabalho original publicado em 1956).

Sicuteri, R. (1990). Lilith: a lua negra (5a ed.). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Stein, M. (2007). No meio da vida: uma perspectiva junguiana. São Paulo: Paulus. (Coleção Amor e Psique).

Wild Foundation. [s.n.]. Recuperado em 23 de julho de 2020, de https://www.wild.org/defining-wilderness/.

 

 

Recebido: 15 jan 2020
1a revisão: 26 abr 2020
Aprovado: 22 jul 2020
Aprovado para publicação: 28 jul 2020

 

 

Conflito de interesses: Os autores declaram não haver nenhum interesse profissional ou pessoal que possa gerar conflito de interesses em relação a este manuscrito.
Minicurrículo: Janaína Liz Aquino - Pós-Graduanda da Especialização em Psicologia Analítica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR. Psicóloga clínica graduada pela PUC-PR. Integrante de grupos de estudos em psicologia analítica e arquetípica. Estudiosa do processo de individuação na sociedade contemporânea e no contexto da espiritualidade. E-mail: psicojanaliz@gmail.com
Marina Oliveira de Carvalho - Mestranda do Programa de Psicologia Clínica do Núcleo de Estudos Junguianos - NEJ, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP. Psicóloga clínica graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC/PR. Integrante do grupo de pesquisa "A condição masculina e feminina na contemporaneidade" do NEJ. Colaboradora do Núcleo de Sexualidade e Psicologia Analítica da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica - SBPA. Estudiosa da sexualidade feminina. E-mail: oliveiradecarvalhomarina@gmail.com
Juliano Maluf Amui - Membro analista da International Association for Analytical Psychology - IAAP, da Associação Junguiana do Brasil - AJB e do Instituto Junguiano do Paraná- IJPR. Mestre em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Estudos Junguianos - NEJ, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP; especialista em Psicologia Analítica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR. Psicólogo clínico graduado pela PUC-PR. Integrante do Comitê de Ética da AJB. Coordenador da Especialização em Psicologia Analítica da PUC-PR e professor de graduação na PUC-PR. E-mail: julianoamui@gmail.com