EDITORIAL
DOI: 10.21901/2448-3060/self-2023.vol8.196

 

Construindo o futuro

 

Building the future

 

Construir el futuro

 

 

Irene Gaeta

Editora Científica (2023-2027)

 

 

Em 2024, a Self - Revista do IJUSP irá completar oito anos, com a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho desenvolvido até agora, cumprindo sempre sua missão de divulgar, disseminar e promover o intercâmbio do pensamento junguiano e de contribuir para o desenvolvimento da produção científica no campo da psicologia analítica.

Fruto das transformações dos novos tempos, a Self é publicada com acesso aberto, a fim de proporcionar um amplo alcance à produção científica e acadêmica, possibilitando maior visibilidade àqueles que desejam contribuir para o pensamento junguiano.

Nessa nova etapa, temos a meta de difundir a Self nos meios acadêmicos e nas instituições de ensino, apresentando trabalhos sobre temas que interessam tanto aos futuros analistas junguianos, quanto a acadêmicos e estudiosos em geral.

Queremos que a revista se torne uma referência e alcance a classificação Qualis A, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, fundação vinculada ao Ministério da Educação que, entre outras atividades, avalia as publicações científicas no Brasil. É um projeto ambicioso, mas com a ajuda de todos certamente conseguiremos. Atualmente não temos nenhuma revista junguiana que tenha conseguido contemplar todas as exigências da Capes.

Nesse momento pós-pandemia, em um cenário mundial conturbado por guerras e desequilíbrios ecológicos, ter a oportunidade de desenvolver um projeto democrático como a Self, antenada com seu tempo, proporcionando livre acesso a seu conteúdo, é uma proposta desafiadora.

Hoje, também estamos vivendo grandes transformações, principalmente no campo tecnológico. Mas, que mundo estamos criando com as novas tecnologias? Estão sendo geradas circunstâncias que aumentam as possibilidades de crescimento para a humanidade, em termos de liberdade, sociabilidade, inteligência e autorregulação? Ou está ocorrendo o contrário?

A tecnologia trouxe ao homem a ilusão de que ele é superior à natureza e que ele pode fazer o que quer. Jung reconhecia que, em épocas diversas, novos arquétipos podem ser constelados e, com eles, outras interpretações serão apropriadas para essas épocas.

A internet é um extraordinário locus das profundezas do inconsciente coletivo dos nossos tempos, pois nela, novos mitos são formados, arquétipos ainda ignorados se apresentam e propõem-se diferentes aventuras para a psique.

Desse modo, a Self pode se tornar um canal importante de reflexão sobre a realidade que nos cerca, repleta de enigmas e aspectos desconhecidos, mas que - certamente - vem priorizando certos valores em detrimento daqueles que integram e valorizam a alma humana.

Jung (1951/2012), visionário, apontou para essas questões ao refletir:

Estou convencido de que a exploração da alma é a ciência do futuro. [...] torna-se cada vez mais evidente que nem o câncer, nem os cismas, nem os micróbios, nem fome constituem o maior perigo para o homem. E por quê? Porque ele não tem proteção suficiente contra as epidemias psíquicas, infinitamente mais devastadoras do que as piores catástrofes da natureza (p. 175, § 1358).

Assim, a Self, como canal de difusão do conhecimento, será a porta-voz das pesquisas que apoiam os novos analistas nesse desafio contemporâneo de instrumentalizar a todos os que são sensíveis à necessidade de inserir mais alma em todas as atividades humanas.

 

Referências

Jung, C. G. (2012). A vida simbólica (OC, Vol. 18/2). Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1951).