A imagem como veículo de traumas
por que fotografias ou vídeos de cenas de guerra provocam estresse pós-traumático em pessoas distantes dos locais onde ocorrem?
DOI:
https://doi.org/10.21901/2448-3060/self-2019.vol04.0012Palavras-chave:
memória social, inconsciente coletivo, stress psicológico, fotografiaResumo
Este trabalho analisa as conclusões de estudos recentes sobre a ocorrência de Síndrome de Estresse Pós-Traumático em profissionais que lidam com imagens de conflitos distantes: controladores de voo de drones ou editores incumbidos de receber e editar fotografias em centros como Nova York, Londres ou Paris. O estudo é realizado no contexto de pesquisa, feita com ferramentas de reconhecimento de emoções em expressões faciais, que visa a identificar os sentimentos que as imagens de guerra provocam. Segundo esse levantamento, o espectador manifesta crescente engajamento diante de uma sucessão de imagens, enquanto expressões de surpresa e repugnância iniciais diminuem. O texto considera as imagens como veículos condutores da energia despertada pelas cenas originais, considerando que sua potência é preservada pela capacidade de reconhecimento dos sentimentos expressos pelas figuras retratadas, através de mecanismos que compõem a empatia, como os neurônios espelho, ou registros na memória profunda. O texto relaciona essa capacidade das imagens de preservar a energia das cenas originais com o conceito de “fórmulas de emoção”, criado por Aby Warburg, para quem imagens arcaicas reprocessadas no presente provocam emoção imediata, por estarem impregnadas na memória coletiva (ou “memória social”, como ele usou). Warburg baseou-se nos estudos de Richard Semon, criador do conceito de Mneme, apontado como um paralelo do conceito de “inconsciente coletivo” de Carl Jung.
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Referências
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