A inteligência artificial e o desenvolvimento neuropsicológico de crianças e adolescentes
DOI:
https://doi.org/10.21901/2448-3060/self-2024.vol09.197Palavras-chave:
inteligência artificial, redes neurais, cognição, emoções, afeição, éticaResumo
Tem-se afirmado que o uso da inteligência artificial (IA) pode proporcionar um ambiente mais estimulante para crianças e adolescentes, considerando principalmente a facilidade de acesso a um grande volume de informações, o aprendizado personalizado e a possibilidade de adaptação de conteúdos a necessidades individuais. Porém, é importante discutir as influências do uso de tecnologias de IA no desenvolvimento das funções neuronais desde uma idade muito precoce. Os padrões do desenvolvimento psicológico estão sofrendo mudanças estruturais que, sem dúvida, repercutirão na psique de mulheres e homens do futuro. A IA generativa, como o ChatGPT, surge em uma época em que há muito tempo se questiona o empobrecimento da vida psíquica, pelo excesso do uso de telas. Sabe-se que o cérebro é dependente do uso, assim, a impregnação das telas na infância, a amplificação de seu uso na pré-adolescência e a submersão nelas na adolescência caracterizam o vício digital, que poderá perturbar o desenvolvimento das redes neuronais; minar a inteligência; comprometer o desenvolvimento da capacidade para a reflexão e para o pensamento simbólico; prejudicar as condutas interativas e sociais; e danificar a saúde, favorecendo distúrbios do sono e a obesidade. Para Jung, a tecnologia em si é neutra: a existência ou não de dano à psique do ser humano dependeria, portanto, de seu uso. O cérebro acoplado à IA amplificará o desenvolvimento humano. Será que, da mesma forma, a mudança na estruturação das redes neurais levará a mudanças na cognição, no afeto, na emoção e na ética humana?
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