As emoções e desenvolvimento da personalidade
convergências entre neurociência e psicologia analítica
DOI:
https://doi.org/10.21901/2448-3060/self-2023.vol8.194Palavras-chave:
Psicologia junguiana, Neurociências, Personalidade, Desenvolvimento emocional, Psicoterapia, SímbolosResumo
Os afetos sempre tiveram um foco de atenção especial no trabalho de Carl Gustav Jung. Desde sua pesquisa com os estudos de associação de palavras, de onde nasceu a teoria dos complexos, Jung defendeu a importância dos afetos na constituição da psique, especialmente nas manifestações inconscientes. Da mesma forma, Jaak Panksepp, o pai da neurociência afetiva, demonstrou a importância dos sistemas emocionais primários na organização da personalidade dos seres humanos e afirmou que o sucesso dos processos terapêuticos depende da estimulação desses mesmos sistemas. O presente trabalho teve como objetivo traçar um paralelo entre a importância dos afetos dentro da abordagem junguiana e a teoria dos afetos do neurocientista Jaak Panksepp. Os trabalhos de Jung e de Panksepp deram origem a teorias da personalidade. O teste de personalidade Myers-Brigs Type Indicator – MBTI tem como base a psicologia analítica, enquanto Affective Neuroscience Personality Scale – ANPS foi baseada na neurociência afetiva. Ambas as escalas possuem dimensões que podem ser correlacionadas. Além disso, o psiquiatra Iain McGilchrist observou a relação da linguagem simbólica/metafórica com os sistemas emocionais subcorticais do cérebro e com o hemisfério cerebral direito. McGilchrist também observou que esse tipo de linguagem é mais efetiva em ativar os centros emocionais do cérebro do que a linguagem denotativa. Essas convergências entre a psicologia analítica e a neurociência são evidências de que o material simbólico pode fornecer estímulos afetivos benéficos para o desenvolvimento da personalidade, além de influenciar positivamente na efetividade dos processos terapêuticos.
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