O que dizem da gente os que “não falam”
afetos que permeiam a relação entre humanos e não humanos na atualidade
DOI:
https://doi.org/10.21901/2448-3060/self-2021.vol06.0004Palavras-chave:
afeição, psicologia junguiana, biodiversidade, ontologia, imaginárioResumo
O presente artigo buscou debater, sob a perspectiva da psicologia analítica, a inclusão de múltiplas espécies no manejo entre humanos e não humanos. O percurso de nossa existência na Terra colecionou uma série de imagens, símbolos e sonhos formados na relação com as múltiplas espécies. Na atualidade, os retratos antagônicos no manejo de cuidados e torturas com os não humanos demonstram um mundo contemporâneo polarizado e em constante transformação. Desorientados, precisamos procurar por olhares ainda desconhecidos para os filhos do Antropoceno. O trabalho tem como objetivo um olhar plural da existência, capaz de escutar a voz dos que “não falam”, por serem considerados não possuidores de linguagem ou não dotados de um elevado nível de consciência, e, em decorrência desses fatores, serem passíveis de dominação. A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica sobre o tema, nas áreas da ecologia, botânica, antropologia, filosofia e psicologia analítica. Concluiu-se que é necessário incorporar nossas raízes animalescas como predicados para o encontro com as vozes do mundo e seus seres e que é preciso, urgentemente, beber da fonte de outras ontologias que foram negadas no processo de conscientização do mundo, bem como trabalhar para que estas fontes possam servir como manancial de imaginação e interconectividade dos vínculos transhumanos.
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